quinta-feira, dezembro 31, 2009

A "Passagem" do Ano



Está um frio do caraças nesta altura e o granizo bate nos vidros que até nos faz lembrar o velho poema (alterado a gosto do artista):

Bate leve, levemente
Como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Só se for o gajo das Finanças
Que o Cobrador do Fraque não bate assim...

Mas adiante. Ainda ontem me estava a queixar que não fazia frio e que me chateava estar aqui no cume mais alto da continental portugalidade como se estivesse em remanso nalguma Veneza do Adriático... eis senão quando os deuses me ouviram - ou me leram, o que de repente me fez pensar para quem ando a escrever neste Blog - e vai daí não foram de modas e desataram ao granizado cá para baixo como quem acerta no palhaço da feira.

Estamos a olhar para a TV , passando de canal, algo incrédulos com o que o português médio sem acesso ao cabo tem de gramar todos os santos dias. A escolha parece ser entre um obsceno programa com criancinhas a cantar, ou um tal de "Ìdolos" , ou ainda mais um programa com gente a cantar ao desafio (ou lá o que seja). Valha-nos a "2" . Nem sei o que passará hoje, mas TEM de ser melhor do que isto!

O Portugal profundo das pessoas que ainda não aderiram à ZON ou à MEO deve estar cada vez mais fora de fase com o "outro" país, aquele em que vivem e legislam os Srs Ministros ... E onde  as élites (para o mal e para o bem) se passeiam com os seus próprios problemas, tão diferentes destes aqui de cima, da Beira Alta agrícola e sem industria,  nem fábricas, nem empregos...

Estamos a beber  Espumante. Começámos pelo Cava Juvé i Camps e avançamos depois para o  de moscatel galega da Casa de Sarmento,  acompanhado por uns foies gras, patês e carnes frias andaluzas, manteiga de ovelha, queijo da serra curado e de entorna, salmão da Irlanda fumado; Pão de centeio local, quentinho do forno. Tudo isto em antecipação de chegar a "Passagem do ano", altura em que se metem à boca  as doze passas e se bebe o último flute, antes de nos enfiarmos nos lençóis...

Deprimente?

Para alguns pode assim parecer. Eu, do alto dos meus 54 anos, só me apetece dizer: e que  o ano que vem seja, pelo menos, tão bom como este, com a mesma mesa farta e espumante à maneira.

É que as coisas não estão fáceis. E para quem pensa o contrário talvez faça falta um estágio aqui no País real, onde se medem as venturas do dia a dia conforme o almoçito tenha sido de sandwichs ou de comida de prato...

Estou nesta noite meio "chôcho",  é verdade. Amanhã prometo que farei do 1º Post de 2010 um grito de boa disposição e de esperança para todos os leitores.

Só amanhã...

Arroz de Tamboril em boa companhia



Estime-se um tamboril inteiro aí com uns 2,5 kg.  Comprem-se à parte dois fígados da mesma besta  - dessa e doutra, pois não conhece a ciência actual Tamboris com dupla figadeira, tal como (infelizmente) os leitõezinhos não são só feitos de costela...

Compre-se também uma embalagem de miolo de Mexilhão e outra de Camarão descascado grandinho.

Faz-se a habitual puxada com bom azeite, alho e um pouco de malagueta e sal.  Depois de alourar a cebola introduzem-se na puxada os lombos do tamboril para dourarem, dos dois lados. 

À parte já se cozeu a cabeça do bicho, aproveitou-se a água e desfiou-se a mesma cabeça, limpando-a de ossos , peles e quejandos.

Depois de dourados os lombos introduzem-se no mesmo tacho os camarões e os mexilhões. Deixamos apurar uns minutos.

Só depois introduzimos o arroz ( estufado) e fritamos por momentos, envolvendo-o nos materiais já refogados.

Acrescente-se então a água de cozer a cabeça, com todas as febras que aproveitámos,  na proporção de 3 chávenas para uma de arroz. Deixamos cozer o arroz e, lá para metade do tempo de cozedura, metemos os fígados cortados aos pedaços. Rectifique-se de sal enquanto coze.

Estando o arroz bem cozido levem ao forno quente por 10 minutos para tostar os fígados e secar um pouco o arroz.

Sirvam de imediato polvilhado de coentros frescos cortados ao momento.

Bom Proveito lhes faça! A nós soube que nem ginjas...

Votos do Amigo Paulo

Caro Amigo Raúl


Aproveito este meio para desejar ao Blogger, ao seu Senhorio e restante família, assim como a todos os leitores deste excelente Blog um Ano novo pleno de saúde, cheio de boas comezainas e de regozijo pelos objectivos alcançados ou se preferirem pelas dificuldades ultrapassadas.

Um grande bem haja

Paulo Mendonça

Amigo Paulo e família: Muito Obrigado pelos votos, que retribuo com  grande abraço!! E fazendo já a seguinte "combinação": aguardamos a chegada da Senhora Dona lampreia para tratarmos dessa ocorrência no local do costume....Seca, fumada à moda da Galicia e em arroz , pois claro!

Manhã Submersa


Submersa de água!! O que é que estavam por aí a pensar seus aleivosos? É a Inverna que não pára de atormentar estas terras, com chuva batida a vento e temperaturas indignas da Serra da Estrela neste mês: 11º às  7 da manhã... Nunca se viu disto cá por cima. Por esta altura costumam os prados acordar brancos de geada e a temperatura a roçar os 1 ou 2 grauzitos...E ainda dizem , em Copenhaga, que estas coisas do aquecimento global são para levar com calma.

Manhã Submersa de água, Obviamente!! Se bem que...

A Noite foi passada entre Amigos, como seria de esperar, tendo-se chegado a algumas conclusões notáveis lá mais para a meia noite:
a) Em primeiro lugar havia que louvar as terras e o clima de Deus nosso Senhor, que contribuíram para que este Dão fosse o que fosse.
b) Em segundo lugar, a sapiência do enólogo local, mas também a sua habitual modéstia, rodeando-se dos presságios e conselhos de gente entendida (todos ali presentes) , o que só poderia abonar em favor do resultado final.
c) Em terceiro lugar, o facto deste mosto ter sido muito acompanhado, por tardes e noites de  salutar convívio na Adega. Ora está provado (tanto quanto parecia aos presentes) que quanto mais o mosto sentir à sua volta este ambiente de confraternização, mais tendência terá para melhorar em qualidade... Houve até quem sugerisse que não estaria fora de causa equilibrar a qualidade do mosto com a do presunto e queijo consumidos nesses convívios. Mas a esse mandámos calar, por estar a esticar demasiado a "corda".

Quando começaram as cantorias " a capella" chegou a minha Sogra com uma vassoura de piassaba e lá abandonámos , melancolicamente, o local de culto.

Para mim , meu senhorio e meu cunhado, a "viagem" foi de alguns metros ( e mesmo assim...).  Agora para os Amigos que se deslocavam para fora da aldeia telefonou-se à mulher do que perdeu aos dados para os vir buscar. E ela veio, mas transfigurada como se fosse  uma das Fúrias helénicas, adivinhando-se o fato de treino por cima do pijama  e a  melena desgrenhada (esta não se adivinhava, via-se mesmo. Via-se até a dobrar).

 Agora há que preparar um lanchinho de reconciliação, já que alguém tem que vir buscar os 3 carros estacionados à porta... Será uma antecipação da passagem do ano, lá pelas 17.00h...

Entretanto vou tratar do almocinho: Arroz de Tamboril com Gambas e Mexilhão. Espero não confundir as gambas com os bocados de tripa enfarinhada dos rojões, que lá estão também no frigorífico...O melhor é esperar mais umas horitas...

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Tintus Magnificus!!

Na sala do laboratório o frio era sepulcral, comparável ao silêncio que rodeava o "Xaman" de bata branca que , do seu pedestal de conhecimento específico rareava o olhar severo por entre os míseros mortais que dele esperavam sapiência e boaventura...

-"O Sr deu aqui um nome de terra que não consigo entender?"
- "Oh Sr Doutor foi Estoril,,,"
-" Mas aí há vinhas??!!"
-"Não senhor, pelo menos que eu saiba.. Só em Carcavelos..."
- Mas então??!!"
- Vim fazer a Análise ao meu cunhado e tive de dar o nº de contribuinte, como não sabia o dele ficou tudo em meu nome..."
-" Ah! Já percebi. Muito bem. Aqui tem a análise."
- " E ( depois de ler os resultados) isto pode beber-se Sr Doutor?
" "Pode sim senhor, mas com cuidado!! Sobretudo se for a conduzir a seguir! Tem aqui uma pinga do C****!"
" Olha que P***! Muito Obrigado e Boas Festas!"

Então tomem lá qué p'rá aprenderem:

Açucar: 3,4 (Extra Brut)
PH - 3,66
Acidez Volátil - 0,46
Grau Álcool - 14,5

Salvaguardadas as devidas distâncias este tinto feito em casa, da vindima do Dão de 2009, tem valores de análise comparáveis aos (por exemplo) de um Grand Malbec feito a partir de Merlot...

Ah grande cunhado que estás perdoado por me teres ido às Magnum da Passarela sem me dizeres nada!!

Vamos lá então festejar...

É de esperar o pior.

O Centro de Estudos Vitivinicolas do Dão


A famigerada análise só estará pronte hoje, o que me dá algum tempo para vos falar do Laboratório e do local onde será feita.

Afinal fomos dirigidos ao Centro de Estudos Vitívinicolas do Dão e não à Adega Cooperativa, como de início imaginei.

Este centro situa-se na Quinta da Cale, mesmo à entrada de Nelas e falar dele é o mesmo que falar do seu grande Director, Engº Cardoso Vilhena.

Tomou posse em 1958 e durantes os 30 anos seguintes foi investigador e defensor incansável da sua Região, tendo realizado um trabalho notável sobre as castas mais apropriadas para estes terrenos, com realce obviamente para a mestria com que trabalhava a nossa "casta rainha", a Touriga nacional.

Quando abandonou - por limite de idade, em 1988 - o cargo de Director do Centro de Estudos, pode dizer-se que o Dão a ele devia quase tudo. Basta ouvir o que o maior cultor da vinha na Região - O Engº Álvaro de Castro - diz dele.

Fazia vinhos notabilíssimos. Ainda tive a honra e o proveito de os provar, naquelas garrafas pesadas do tipo Borgonha, com os rótulos pretos e brancos característicos.

Naquela casa havia brancos (Encruzado?) com mais de 15 anos que se bebiam com a frescura do ano em que se tinham engarrafado...E Tintos tão extraordinários que (diz quem sabe) foi ao prová-los que a Sogrape decidiu avançar para o grande investimento na Quinta dos Carvalhais, o maior no sector na altura em que foi feito.


São nos Brancos Primus e nos Tintos da Pellada topo de gama do Engº Álvaro de Castro que ainda hoje consigo retirar semelhanças com essas "pingas" do Engº Vilhena..

Homenagem e louvor arrumados, vamos lá então buscar os resultados da análise enquanto ainda houver unhas para roer...

terça-feira, dezembro 29, 2009

Atum na Beira
























Desta vez dei companhia aos tradicionais Cherne, Garoupa ou Tamboril e arranjei forma de trazer para cima dois produtos antigos e de agradável petisqueira lá mais para o Sul , para os Algarves…

O tradicional Atum de Salmoura (seco e salgado) e as extraordinárias “Ventrescas” de Atum fresco, as partes da barriga que os conhecedores mais apreciam.

O velhinho Atum de Salmoura da Rua do Arsenal e da zona ribeirinha de Vila Real de Santo António é a base da Estupeta de Atum algarvia, quando desfiado finamente à mão e miscigenado com tomate ,oregãos ,azeite, vinagre e o mais que lhe queiram pôr. Também se transforma, quando compactado e depois de passagem de estufa, na Muxama ou Muchama, do árabe Musama (seco), o antiquíssimo “presunto do mar” que ainda hoje é fabricado por um resistente produtor algarvio da zona de Vila Real.

Era (talvez já não seja) um petisco típico de taberna aqui em Lisboa, e apesar da sua condição o aguentar por muitos dias em tempos sem refrigeração, não sei se seria muito conhecido no país do interior Centro e Norte. Pelo menos aqui a minha gente nunca antes o tinha provado…
A maneira clássica de o confeccionar (ver na foto) é cozido com batatas, grelos  e cebolas, introduzindo-o na panela a meio da cozedura das batatas. Obviamente que antes disso houve que o dessalgar em agua, por 48 horas, como se faz ao fiel amigo.

Mas hoje vou experimentá-lo com uma boa cebolada alhada, em azeite do nosso, deitando-a por cima da travessa funda onde já repousam as “belouras” e os lombos do Atum , ambos cozidos.

As Ventrescas são prato mais fino e para gente mais afiambrada… Normalmente são grelhadas depois de ligeiro sal dos dois lados, mas também se podem comer assadas no forno, com um pouco de tomate e cebola…

Vamos a ver como sai isto para o almoço…

Entretanto vou a caminho de Nelas para a famosa e temida “Análise ao Tinto”…

segunda-feira, dezembro 28, 2009

A complexa análise ao Vinho



A maioria dos mortais pensará que nada existe de tão simples do que uma análise ao vinho que está ainda nos depósitos, aguardando para ser engarrafado... Tratar-se ia de retirar uma pequena amostra do liquido em causa para um recipiente bem lavado, levà-la ao laboratório com o qual se firmou contrato - neste caso o da Cooperativa do Dão, em Nelas - e aguardar com serenidade os resultados.

Erro crasso, embora compreensível...

Aqui no sopé da Estrela o problema complica-se, e muito,  dado que o proprietário\enólogo\adegueiro necessita de algum conforto espiritual antes de empreender a perigosa jornada em demanda do Laboratório e dos seus inexoráveis resultados finais.

Trata-se, no fim de contas, do culminar de um ano agrícola - neste momento apenas a azeitona dará que fazer, lá mais para Janeiro - e para todos os efeitos a famigerada Análise é  a prova real que mede os esforços e a sabedoria do "impetrante" agricultor.

Tal como os estudantes ansiosos antes dos Exames Nacionais (bem, enfim, talvez noutros tempos) , o nosso jovem agricultor de  52 anos (jovem quando comparado com a geração anterior, que será sempre a bitola contra a qual será avaliado) estremece ao pensar no que pode acontecer "lá para Nelas, naqueles laboratórios".

Para colher ânimo em seu coração vai então convidar os Amigos e familiares para as sessões de pré-prova analítica. O que são estas sessões? São apenas convívios de adega, onde o vinho é provado à espicha por todos e onde desde logo se tecem as encomiásticas elegias ao trabalho do "enólogo" e ao resultado do mesmo, ou não fosse o mesmo  "enólogo" aquele que lhes proporcionou , para além de basta quantidade de vinho (branco e tinto, em prova ou fora dela) as competentes chouriças, queijos e lascas de presunto que são imprescindíveis ao "trabalho" da pré-avaliação vinícola...

Assim, desta forma reconfortado pelos seus pares, vai o JAEP (Jovem agricultor de elevado potencial) a caminho de Nelas e da Prova Final. Vai o JAEP mas não vai de JEEP, porque aqui na Serra, em pequeno minifundio, não chega a tanto o resultado liquido da actividade agrícola...Nem sequer a uma bicicleta a motor, quanto mais a um JEEP...

Terá sorte? Logo que se saibam os resultados não deixarei de aqui os publicar. Uma coisa,  porém, é certa: Se forem bons há que festejar ...bebendo. Se forem maus há que colher conforto e reanimar a alma...bebendo. Afinal o vinhito fez-se para isso mesmo.

Agora vamos para a Missa no Convento de Gouveia.

domingo, dezembro 27, 2009

Tá-se bem malta!


Ainda agora mesmo aqui cheguei a S. Martinho de Seia e já provei o vinhito branco que tanto trabalho e prosa deu no Verão passado... E bebe-se bem, posso garantir! Até bem demais ...Com os 4 grauzitos de temperatura ambiente que já estão pelas 14.00h...

Os Amigos do SP desafiam-me, dizendo que deve dar mais trabalho fazer comida do que colocar belas imagens na InterNet...

Ora peço licença para discordar. Para mim cozinhar é uma forma de terapia. Sabe-me bem estar de volta dos tachos e das panelas, ao fim de semana, em casa ou em casa dos amigos. Sei que é hoje um lugar comum falar destas cenas de temperos como sendo terapia, mas verdadeiramente devo confessar que cozinhar me sossega...

Talvez porque há sempre um objectivo definido: dar de comer , e bem, a quem nos une algum laço de amizade ou de amor. Quantas vezes o nosso trabalho de todos os dias se definha porque (exactamente!) não tem quem o compreenda, nem quem o valorize? E porque, muitas  vezes, vezes demais, essa valorização depende do conhecimento e o conhecimento, esse, está guardado dentro de quem faz e não dentro de quem avalia...

Enfim, filosofias baratas que se desfazem ternamente diante de um belo fogão , algumas cebolas, alho que baste, tomate que se preze, e boa vontade do aprendiz de "queima-cebolas"...

Este Aprendiz muito deve ao Amigo Mendonça, que o ensinava pelo exemplo, mas também a uma saudável curiosidade pelas coisas de comer e de beber, apoiada em muitos anos de "utente" desses mimos.

Passar de Utente a Cliente e deste a Cozinheiro\Fornecedor , convenhamos que é tarefa difícil...Sobretudo porque o "Je" estava mal habituado. Até aos 44 aninhos fui Utente e Cliente. Gastrónomo acho que ainda não sou...Estou a aprender com alguns dos melhores... Agora, Cozinheiro é mesmo a brincar...

 Utente é quem come o que lhe colocam à frente - "O Utente da cantina da cidade universitária". Cliente é quem escolhe o que come, Gastrónomo é quem ensina aquilo que quer que lhe sirvam, Cozinheiro\Fornecedor é o desgraçado que tem que dar de comer aos três...E às vezes ao mesmo tempo.. E às vezes estando todos os três grupos sentados na mesma mesa... Convenhamos que não é fácil...

Imaginem o filme com o "dinheiro utente"  (aquele que paga a conta, neste caso um "javardo" endinheirado) sentado à mesa com o "cliente remediado" e dando a sua direita ao "gastrónomo teso"... O Primeiro queixa.se da dourada de mar, assada, com quase 3,5 Kg, raríssima nos dias que correm, porque "está nuito rija, para peixe!"...O Segundo acha que nunca lhe passou coisa tão boa pelo estreito e o Terceiro, amaldiçoa o Chef de cozinha que foi  enfeitar de tomate e cebola,  peixe de tal nobreza...

O Chef de cozinha, que só tentou agradar a quem paga, deve dizer mal da vida dele e desejar que vão os dois extremos (Utente e Gastrónomo) entreter-se com os cornos de ambos os progenitores...

Por esse motivo e depois de mais de 25 anos de observações científicas, tenho algum pudor em passar da categoria de Cliente à de Gastrónomo...

 Para bom entendedor...

E pronto, mesmo com o frio está-se-me a secar a garganta, motivo pelo qual empreendo a dificil jornada até à Adega onde não só é o Branco que me espera, como também há que experimentar o tinto de 2009, antes de o levar a Nelas para análise na Cooperativa do Dão...

São servidos?

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Para Descansar a Vista

Despeço-me de Lisboa, e de todos os Leitores, com dois poemas de Natal , neste 24 de Dezembro chuvoso que baste. São de Mestre David Mourão-Ferreira, e se um deles, o primeiro, acende em nós algum pessimismo e nos pinta a quadra de cores carregadas, o outro suaviza a mente com a lembrança gentil de tempos passados...


Feliz Natal para todos!
LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS



Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito


NATAL À BEIRA-RIO
É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.

Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...

Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.

Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me

À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988


quarta-feira, dezembro 23, 2009

Desenhos de Selos

Afinal ainda cá estou hoje e amanhã, acompanhando os colegas que estão a arrumar todos os materiais filatélicos trazidos da Casal Ribeiro aqui para a Praça D. Luis I. Será trabalhar mesmo até ao final da manhã da véspera de Natal.

 Houve quem me pedisse que não me despedisse deste ano sem deixar alguns "bonecos" relacionados com a actividade filatélica, mas só encontrei disponível material relativamente moderno... Decerto que na Fundação das Comunicações , onde está em fiel depósito o espólio filatélico dos CTT, se encontram coisas mais interessantes para os Filatelistas e coleccionadores de curiosidades, mas esses materiais não estão disponíveis on line, e para tirar fotografias não poderiam V. encontrar mais patego do que eu... Quando não corto os pés aos fotografados acabo por lhes cortar a cabeça...

O Corporate das Estradas de Portugal de 2008 aqui fica. Assim como um selo de 2005 sobre a protecção das Florestas, que foi utilizado, já agora, em publicidade do Grupo Amorim. E ainda um Auto-Adesivo  (já sei que não gostam)  da emissão base de 2009.

Feliz Natal!!

terça-feira, dezembro 22, 2009

A Modernização da Ceia de Natal



A refeição da Noite de Natal já teve em tempos contornos mágicos, associados a uma época onde a Igreja e os seus cultos faziam parte integrante da mitologia natalícia.Pelo menos para os católicos... Ia-se à Missa do Galo - que começava algures entre as 21,30h e as 23,00h , conforme as paróquias. Deixava-se a mesa já posta com os doces da quadra - as filhoses, as fatias douradas - e o bacalhau já meio cozido com as couves, tudo   abafado em água quente numas panelas rodeadas de cobertores de papa e jornais velhos.

Quando se regressava da Igreja ia-se para a mesa e só depois da refeição se abriam os presentes dos adultos. Os das crianças seriam descobertos lá mais pela manhãzinha. Antes da "deita", lá para as 2 ou 3 da manhã, ainda era costume beber um Porto Vintage ou um Whisky velho...

Hoje em dia não sei se existirão ainda muitos portugueses que vão à Missa do Galo, e quanto à Ceia de Natal, vou ali e já venho...Transformou-se na maioria dos casos em Jantar de família (em havendo a sorte de termos a família do nosso lado).

Como - e muito bem - as mulheres já se deixaram da escravidão secular dos tachos e panelas, é usual e até divertido as tarefas dessa noite serem compartilhadas pelos comensais.

Façam o Bacalhauzinho , pois claro, mas inovem na receita. Assem-no no forno com batatas meio cozidas com a pele que depois se descascam e ficam a marinar por uma hora dentro do tabuleiro de forno onde já está o Dom Bacalhau, cebola às rodelas, muito alho picado (para quem gosta do sabor , mas não de os trincar) e azeite do melhor. Virem as postas para dourarem dos dois lados. Umas folhinhas de louro e duas malaguetas desfeitas no mesmo azeite são sempre bem vindas...

Antes ponham a "Jubentude" a trabalhar se os conseguirem afastar da TV Cabo. A preparar e a decorar as travessa de acepipes já feitos que se compraram previamente: Bom Paio branco de Portalegre,  de porco preto, fatiado fino, Presunto de porco preto, Cabeça de Xara (em havendo),  Salmão fumado , idem , idem (se comprarem em lombo sai mais barato e sabe melhor...dá é algum trabalho a cortar...), Anchovas, Muxama de Atum (se a encontrarem), Vários Patês de caça, um Foie Gras se houver ainda algum euro que dê para isso (o de pato é mais barato que o de ganso, mas... não é a mesma coisa), Ovas de Salmão (Caviar dos pobres) completam a mesa.

Contra o que é comum na mesa de todos os dias, dou o conselho de comerem primeiro o bacalhau e só depois trazerem os acepipes. A mesa fica bem composta com essas travessas e com as tradicionais broas e fritos da temporada. Bolo-Rei  ao meio, rodeado dos doces. E na seguinte coroa circular os salgados.Já sabem que odeio o cheiro a fritos em casa e na cozinha, por isso, e se forem como eu,  o melhor é comprar tudo o que é doce de fritar fora... Há a Garret do Estoril - embora para lá entrar a partir de 23\12 só com passaporte especial - mas há também a velhinha  Confeitaria Nacional e tantas outras...E não se esqueçam da casinha de pronto a comer da Pontinha: Sabores Calientes.

Para beber?

Comecem  - para o Bacalhau - com um tinto vigoroso e cheio, carnudo e cheirando a pinhas, o PAPE 2005 de Álvaro de Castro (entre 18 e 25 euros). Continuem apenas com espumantes . Recomendo o Vértice ou o Vintage da Murganheira ( a cerca de 11euritos  o primeiro, mais ou menos a  20 euros o segundo).

Terminem com o Porto Vintage de 2007 a que puderem chegar ( estará, se tiverem sorte, perto dos 50 euritos)...

Filme recomendado para a Noite de Natal, antes de abrirem as prendas: A Idade do Gelo 3. Em alternativa um clássico dos clássicos: It's a Wonderful Life,  a obra-prima de Frank Capra, com James Stewart

Bom Natal para todos!!

Nota: Nestes dias que se seguem até ao Natal não sei se vou manter esta "coluna" com a recorrência habitual...Próximo Post garantido lá para 27, do alto da Serra da Estrela  onde espero que o vinho  branco já esteja a dar boa prova, não sei se se lembram...

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Política de Inverno


Dois fundadores do PS, Eurico de Melo e Fernando Ribeiro da Silva, assinam no Público de hoje uma "injunção" aos membros do PSD para que regressem aos valores que tornaram o Partido grandioso no passado, nomeadamente e cito "a predominância do idealismo do servir sobre a voracidade do protagonismo individual ou de grupos, que a nada conduz, como os últimos tempos têm dolorosamente confirmado."

Também Marcelo Rebelo de Sousa, noutro registo, não concorda com a proposta santanista de um Congresso antes das eleições para a liderança do PSD, por considerar que seria um Congresso de ajuste de contas, prejudicial ao Partido e um verdadeiro presente para José Sócrates...

O PSD está mesmo em crise... Em certa medida , e mal comparado,  lembra o Sporting desta época, com mais chefes que indios e muita ansiedade à mistura do desejo legítimo de continuar a ser um dos candidatos crónicos a governar este Portugal.

Não vai muito melhor o PS, neste afã algo estranho de antagonismo face ao PR. E, bem vistas as coisas, ninguém sabe (nem talvez mesmo ele, o querido Líder) se é intenção do Governo obrigar a que o façam cair por deterioração de condições de governabilidade, ou se confia na manutenção deste status quo meio podre.

Nunca se viu, como neste final de Outono e início de Inverno, tanto silêncio (quase ensurdecedor) dos outros Partidos: PCP, CDS e BE,  parece que - tal como os velhos abutres dos livros do Lucky Luke - espreitam pendurados na trave do saloon, à espera de saber qual o resultado do duelo na rua principal da cidade. Qual cidade? Bem poderia ser a "Toon Town" do sempre admirável "Quem tramou Roger Rabbit?"...

E o Sr PR , quem ousará dele vislumbrar os anseios e desejos reais? Porventura sua Magestade a Rainha de Inglaterra confessa aos meros mortais as suas preocupações (fundadas e legítimas)  perante a queda da Libra e o avanço do Desemprego? Obviamente que não... Então porque o faria Ele?

 É de esperar pelos Sermões (digo, Discursos) deste Natal e Ano Novo para que se consiga desbravar a floresta virgem do pensamento dos Reais Senhores Sócrates e Cavaco. Isto, está claro, se tivermos a boa fortuna desses elevados pensamentos tranformados em palavras serem inteligíveis pelos leais súbditos, o que nem sempre acontece.

E o País? Qual? Este nosso Portugal? Pois bem, está mal e recomenda-se...

Ah, já me esquecia, a Senhora Dona ( e é dona mesmo de muita coisa) Isabel dos Santos anunciou a intenção de compra de 10% da ZON, estando assim a caminho de concretiizar a Santa Trindade da hegemonia económica moderna aqui no rectângulo: Banca (BPI, etc...) ; Energia (GALP; etc...) e MCS (O Sol, e agora a ZON).

O dinheiro não tem cheiro nem Pátria, dizem...

Isso é bem verdade, mas mesmo assim ainda há quem o prefira a cheirar a peixe, do trabalho honrado na Praça da Ribeira, do que com estes neutros odores e sabores.

E pronto, estão os dados lançados para um 2010 cheio de "propriedades" para alguns e de contrariedades para os outros. O que esperavam? Em que é que este ano que se aproxima seria diferente dos demais?

Nota: A gravura do velhinho Durer sobre o Livro das Revelações e os Cavaleiros do Apocalipse NÃO está aqui por acaso...

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Para Descansar a Vista


Aqui fica Adrian Mitchell, o poeta do pacifismo, o escritor para crianças e para adultos, o autor de poesia, prosa e peças de teatro, infelizmente desaparecido muito perto do Natal do ano passado.

Considerado um dos mais importantes autores britânicos do século passado, Adrian Michell ficará na história como um dos mais acérrimos defensores do "homem do povo" contra a arrogância e o poder absoluto de Governos e Corporações.

DEATH IS SMALLER THAN I THOUGHT

My Mother and Father died some years ago
I loved them very much.
When they died my love for them
Did not vanish or fade away.
It stayed just about the same,
Only a sadder colour.

And I can feel their love for me,
Same as it ever was.

Nowadays, in good times or bad,
I sometimes ask my Mother and Father
To walk beside me or to sit with me
So we can talk together
Or be silent .

They always come to me.
I talk to them and listen to them
And think I hear them talk to me.

It's very simple -

Nothing to do with spiritualism
Or religion or mumbo jumbo.

It is imaginary.
 It is real. It is love.

April 18, 2006 Adrian Mitchell

Nota Biográfica dos seus Editores: Born in 1932 in north London, Mitchell was educated at various schools around the UK, before being conscripted into the RAF. These formative years helped to build his pacifism and a deeply moral understanding of injustice, which, as Kershaw noted, emerged in his writing in the form of “hard hitting political messages about the iniquity of the status quo, the absurdities of politicians, and the injustices of a western world getting richer by doing violence on poor people with few means of defence”.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

O Sismo de ontem à noite


Senti-o no Estoril, pelas 1,30H (mais ou menos). Abanaram os copos todos lá de casa e estremeceu a cama.

Até pensei inicialmente, olhando para baixo:

-"Chiça amigo que estás forte que te fartas para a idade! "

Mas infelizmente foi mesmo a Dona Terra que abanou e não a velha  lesma que se teria empertigado...

E embora não me tenha tirado o sono na altura,  hoje de manhã não deixei de pensar se estaríamos todos preparados para uma tragédia parecida com a de 1755...

E , francamente, acho que não estamos lá muito cientes do que seriam as consequências, sobretudo em certos bairros degradados que se foram deixando construir ilegalmente nas periferias.

Ainda Há Coisas que funcionam bem neste Portugal

O meu BI caduca em Janeiro. Pensei armar-me de paciência e de sombrios pressentimentos sobre o futuro próximo de quem se tinha de aventurar pela selva da burocracia e pelo deserto do Cartão Único (CU...) cuja denominação foi em boa hora alterada para cartão de Cidadão (CC).

Entrei a medo na Net, no Site respectivo:

http://www.cartaodecidadao.pt/

E efectuei o respectivo agendamento. Não foi possível na primeira data marcada, mas  logo me informaram uma meia hora depois de outra data possível, a qual aceitei (sempre por mail).

E não é que quando cheguei à Loja dos Restauradores tudo estava OK e até o horário foi respeitado!!!

Aviso à Navegação: Por enquanto e nesta altura do ano (antes das férias lectivas) este serviço é mesmo eficaz, como deviam ser todos os outros.

Parabéns portanto aos envolvidos...

Nota: Estão aqui a dizer-me ao lado que é a mesma malta que adjudicou o Magalhães sem concursos... Bem, uma no cravo e outra na ferradura é ditado antigo que desculpa o ferrador e agrada menos à besta que está a ser ferrada, mas antes assim do que só tiros no mesmo pé. 

Comentário e Pedido

O Amigo Peninha diz de sua justiça:

Caro Mor,

Como temos alguns sentimentos e realidades comuns,o clube, o senhorio, e o "desgosto pelo natal, não podia deixar de partilhar a solidariedade e desejar-lhe uma "quadra Feliz e bem "quentinha".
Bolas....já me ia esquecendo, mande para a rapaziada do SP, de que é confrade, umas imagenzitas das colecções (das boas) dos correios, selos e utensílios, isso seria (desculpe o despropósito) uma rica prenda, para quem como nós vive perto de Lisboa e não tem possibilidades de se deslocar para as ver se é que podem ser vistas.

E não me venha com....eu sei que pode, num intervalinho de um pitéu ou de um namoro, isso consegue-se.
Bom e agora que já pedi uma prenda me despeço.
Peninha

Comentário: Vou ver o que se pode arranjar...Serão coisas do Museu?  Sou um bocado pézudo a colocar imagens aqui (não se esqueçam dos selos Portugal-Irão)...

terça-feira, dezembro 15, 2009

De novo "aquela" Quadra...


















Tenho vindo a repetir-me nos últimos anos - chegados os meados de Dezembro - o que será sem dúvida sinal de ateroesclerose e velhice acentuada...

Não gosto do Natal.

Tenho inveja de quem larga tudo nestes dias e parte em busca de outras paragens, sem mais "bagagem" do que uma companheira (ou um companheiro) desejosa (desejoso) de tirar a roupa interior logo que cheguem ao destino.

Mesmo que essa nudez seja passageira, enquanto se enfia um fato de banho para enfrentar as calmas ondas de alguma praia lá para o Sul, continuo a sentir a mesma inveja...

Perguntarão os fiéis leitores:

- "Porque é que o gajo não se pira mesmo com a namorada para o Brasil ou coisa parecida? Todos os anos é a mesma conversa de chacha e nem lá vai nem deixa que vão. Que raio de empata-bicos ..."

Haverá alguma razão no desabafo.

De facto o meu "senhorio" está criado - o que é um eufemismo para uma criatura de 1,90 de altura e de 105 Kg de chicha que não me sai lá de casa apesar dos 28 anos e de ganhar quase tanto como eu. Tá bem que a casa é dele, mas isso são pequenos detalhes.

A minha Santa Mãe, nos pequenos intervalos em que não consegue encontrar novas maneiras de me aborrecer, dedica-se à igreja e às obras de misericórdia. Ali é que ela se encontra bem e com a sua gente. Do alto dos seus 80 anos bem conservados à custa de caminhadas diárias e de muita ginástica facial (nunca se cala...) está sempre a repetir-me que "a deixe em paz, porque Natal só no tempo do teu Pai!"

Não acreditem!!! Se não lhe faço o bacalhau da véspera e o Perú do dia 25, arma-me uma barraca maior do que a do Circo Cardinal na altura em que ainda apresentava elefantes!

Então o Programa destas Festas natalícias ( já com 10 anos) será sempre o mesmo: Até ao dia 26 de Dezembro aturo a Santa, com o meu "senhorio" a pau de cabeleira. O Menino Jesus que me dê paciência...

A partir do dia 27 restam a Sogra e o Cunhado, afectos antigos de 25 anos de casado e de 10 anos de viuvez, a quem me unem laços de amizade de onde me é difícil escapar. E podem ter a certeza que já tentei. Vivem todo o ano à espera destes dias onde me reencontram ( e ao neto) com a bagageira cheia de mimos. E temos a Missa por alma da Natália do dia 28 de Dezembro (não só fazíamos anos no mesmo dia, como ainda por cima foi-me morrer entre o Natal e o Ano Novo... Que pontaria da má sorte, carago!)

A Namorada, coitada, ainda vai aguentando estas idiotices (não sei até quando) devido ao facto de ter um coração quase tão "mole" como o meu e um temperamento doce e compreensivo.

Mas admito que já estou a esticar demasiado esta corda... E uma coisa é certa: para trás mija a burra (com vossa licença).

Faço propósitos de que este será o último ano em que as coisas se passam desta maneira.
"A ver vamos", como dizia o Tio Rosa, lá de Cascais, que por acaso tinha nascido ceguinho e, por esse motivo, fartava-se de apalpar as varinas com medo de se desequilibrar quando ia à Praça...

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Morreu Paul Samuelson


















Paul Samuelson, o "Pai" dos Prémios Nobel da Economia - foi Professor de 8 ou 9!! no seu MIT - morreu ontem com 94 anos.


O mais influente economista da sua geração, e primeiro americano a receber o Nobel da Economia, era Keynesiano de formação clássica e por isso defensor da influência governativa na economia para controlar o desemprego e manter as taxas de juro estáveis. Estava agora na moda (outra vez) depois do descalabro dos modelos neo-liberais.

Saúda-se o grande mestre judeu, de origem polaca, e deseja-se que cá tenha deixado alguém que consiga tirar o Mundo desta vil tristeza...

Posição de Partida : A Presidência da República


Manuel Alegre parece bem posicionado para anunciar brevemente a sua disponibilidade para ser candidato a PR.


As movimentações dos últimos dias outra coisa não fazem supor.

O actual PR está meio "encolhido" , não sabemos se por causa do frio que começa a sentir-se, se por estar ainda a afinar a sua estratégia de entrada na liça...

Quem mais? Para além do óbvio, que é a Direita já ter candidato, quem será o "ortodoxo" candidato da esquerda, aquele que deveria unir todos, desde o BE ao PS, passando pelo PCP?

Mistério...

Fala-se muito de Jaime Gama, não sei se com verdade ou apenas em estilo de "wishful thinking" dos Sócrates Boys, e quejandos PC's, etc... aflitos por terem de apoiar o dissidente Alegre.

Uma coisa é certa: Vai ser engraçado acompanhar estas movimentações.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Para Descansar a Vista

















Vamos ao Alentejo, terra de poetas assombrados pela planície imensa e pelos horizontes caiados, Vamos descobrir José Duro, o "decadente dos decadentes", mais sombrio ainda que António Nobre, e deliciarmo-nos
com esta sua introspecção poética:

Em Busca

Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho,
E choro de me ver tão outro, tão mudado…
Sem desvendar a causa, o íntimo cuidado
Que sofro do meu mal — o mal de que provenho.

Já não sou aquele Eu do tempo que é passado,
Pastor das ilusões perdi o meu rebanho,
Não sei do meu amor, saúde não na tenho,
E a vida sem saúde é um sofrer dobrado.

A minh’alma rasgou-ma o trágico Desgosto
Nas silvas do abandono, à hora do sol-posto,
Quando o azul começa a diluir-se em astros…

E à beira do caminho, até lá muito longe,
Como um mendigo só, como um sombrio monge,
Anda o meu coração em busca dos seus rastros…

José Duro

Da Infopédia (Enciclopédia on line) tirei esta bio: O poeta decadentista José Duro nasceu em 1875, em Portalegre, e morreu em 1899, em Lisboa. Viveu uma adolescência triste e conturbada, marcada pela tuberculose, doença que o fez sempre viver entre a vida e a morte. Foi aluno da Escola Politécnica de Lisboa e desde cedo começou a frequentar as altas rodas literárias, onde escritores como Victor Hugo, Cesário Verde, Antero de Quental e Charles Baudelaire eram reconhecidos como as grandes personagens literárias da época. Também os jovens simbolistas de Coimbra, como António Nobre, se lhe afiguravam dignos de admiração. De todos estes escritores e poetas, José Duro recebeu profundas influências, as quais se manifestam sob diversas formas na sua escrita. A obra de José Duro reflecte o seu estado de espírito sombrio, que a doença agravava, bem como a sua inserção nas estéticas decadentistas do final do século - das quais terá realizado, porventura, a concretização mais negativista em Portugal. A prostituição, a morte, a tuberculose e o desespero são os temas fulcrais da sua poesia.
Nota: Fotografia de José Luis Mendes.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Convívio de Amigos



Num dia de Dezembro, onde o Sol espreitava com algum embaraço por entre a cortina de nuvens que não nos tem largado, fomos convidados para refeiçoar em casa de um Amigo .

O pretexto foi o lançamento do Livro "Sabores da Lusofonia...Com Selos". O local da "transgressão" a casa do autor. E o cozinheiro de serviço também não deixou de ser ele!

Então, por ordem de entrada em cena, aqui vai uma síntese dos pratos que se experimentaram:

Alheiras de Montalegre tostadas no forno;morcela de Seia, idem , idem; Canja de perdiz; arroz de coelho bravo; lebre com nabos e feijão; enchidos artesanais de grande qualidade (de porco bísaro e porco preto); queijo de ovelha de Castelo Branco; marmelos cozidos em açucar e baunilha.

Para acompanhar tão nobres propostas houve que beber do melhor que havia lá em casa, "a mais " o que os outros convivas não deixaram de trazer... E se entre esses convivas estava o grande Quitério e ainda o mais entendido crítico de vinhos do país, imagine-se a cena...

Ruinart Blanc de Blancs; Pauilly Fumé ; Chateau Margaux; Numanthia del Toro; Porto Vintage de 66 Symington; maltes de Islay...

Agradecemos a todos os deuses o terem conservado o Amigo David em boa saúde, assim como o seu irmão ( porquê? Porque ao caçador irmão se devem as peças de caça degustadas).

Agradecemos ainda a possibilidade de compartilharmos tão sábia companhia de gourmets, com as suas idiosincrisias , pois claro, mas sempre enriquecendo a conversa com detalhes e histórias de comeres e de beberes, tão curiosas que deviam ser publicadas.

E pronto, mais uma refeição daquelas de fazer sonhar o triste blogger quando se senta à mesa de todos os dias olhando com algum enfado para a posta do pargo cozido acompanhado pela meia garrafita de branco de Borba.... E que nunca nos falte! (dirão alguns dos meus leitores)

E com inteira razão, mas o que querem..."pelo sonho é que vamos..."

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Dia Mundial contra a Corrupção

















Só mesmo para dar um lembrete sobre a data de hoje:

9 de Dezembro - Dia Mundial da Luta contra a Corrupção.

Nunca, em Portugal ou no restante mundo (civilizado, ou nem tanto assim) se falou tanto sobre a necessidade de controlar esta "praga" dos favores a troco de dinheiro ou de outras benesses...

Mas falar parece que não tem a virtude de evitar a propagação da doença. Muito pelo contrário, a Corrupção parece incluir-se no grupo das tais "coisas" que, como diziam os antigos, lá na Beira Alta, " quanto mais se remexe mais parece que medram"

Se é o medo que guarda a vinha, tem de ser objectivamente o mesmo medo que guarde a decência das relações entre Clientes e Fornecedores, entre Estado e Utentes, entre Autarquias e Construtores Civis, entre, finalmente, Operadores do Mercado e a Autoridade Fiscal.

Faltam meios de polícia para detectar estas malandrices? Parece que o que falta são sobretudo leis mais simples, para se fazer prova fácil em tribunal destes desmandos, e uma justiça célere para dar conta do recado a tempo e horas...

O Presidente do Conselho Nacional para a Luta contra a Corrupção também é o Presidente do Tribunal de Contas - Guilherme de Oliveira Martins. O que lhe posso desejar neste final do ano - para além de muita saúde - é que , em qualquer das ocupações, nunca lhe doam as mãos nem se lhe embote o entendimento.

Força Guilherme Amigo que o Povo está contigo!

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Para levar para casa - Sabores Calientes...


















É uma das vicissitudes da vida actual estarem a proliferar as casinhas que fornecem comida feita, para que o casal trabalhador ou o "desquitado" em solidão se possam alimentar como deve ser naqueles dias em que "não há já pachorra" para nada, nem para mexer nos tachos nem para engolir a proverbial tosta mista em frente à TV.

Foram provavelmente os assadores de frangos - as churrasqueiras - que mais cedo iniciaram esta tendência. Conheço alguns destes "bandeirantes" iniciadores da actividade, muitos deles obscenamente ricos por venderem frango para fora a 12 euros a unidade, quando pagam pelo mesmo aí uns 50 cêntimos...

Mas também começaram a aparecer muito bons locais de comida feita, até por encomenda, fruto da exigência dos consumidores mais esclarecidos - e que receiam com alguma razão os nitrofuranos e outras coisas que por aí nos observam do cimo dos imponentes grelhadores de carvão...

Em Cascais é já um segredo bem conhecido o Take-Away da Santa Casa da Misericórdia, onde as "tias e os tios" se abastecem regularmente, com muita qualidade, de facto, mas a preços um pouco exagerados para o ramo ( é Cascais...)
Abriu agora, há muito pouco tempo em Lisboa, ali perto da Pontinha uma outra casa do género que merece encómios e de que vos vou aqui falar:

Sabores Calientes
Rua José Farinha 38-38E Loja C - R\C
Carnide - Lisboa
Telefone - 217158476

http://www.saborescalientes.com.pt/

Neste local um pouco escondido (já indico como se pode lá chegar) não só existem os "pratos do dia" como também os clientes podem solicitar a preparação de qualquer outro prato, como aconteceu recentemente com os casos de “pato confitado em vinho do Porto” e “Leitão assado à moda de Negrais”. Uma boa notícia é que, para o Natal, está disponível no site acima indicado a seguinte informação de iguarias disponíveis para encomendar (e já com preços!):

Noite Branca (Vichyssoise quente)

Gratinado de Bacalhau com Queijo da Serra (Puré de Grão, Grêlos, Bacalhau, Broa e Queijo da Serra)

Perú Recheado (frutos secos, enchidos, azeitona, miúdos)

Supremos de Frango à São Nicolau (Espinafres, Farinheira)

Natinha do menino Jesus

Sonhos, Coscorões e Rabanadas

O casal de proprietários "sabe da poda"...

Eduarda é Mestra de cozinha na Escola de Hotelaria da Pontinha e Paulo Mendonça, de momento a trabalhar como consultor na área da Restauração, é filho do grande Mendonça que "fez" o Beira Mar e o Monte Mar em Cascais, tendo aprendido tudo o que sabe com o Mestre-Pai na cozinha dessas casas memoráveis. E à custa de muita descompostura (digo eu porque as fui presenciando...)

Recomendo plenamente, até pela razoabilidade dos preços praticados. E não se esqueçam de provar os "pastéis de massa tenra"... São soberbos! Quando os há, está claro, porque se esgotam com uma rapidez incrível.

Como lá chegar: Quem vem do Colombo ou do Hospital dos Lusiadas, vindo pela av Lusíada, deve virar á direita e tomar a Av. Marechal Teixeira Rebelo, em direcção a Carnide. Na Rotunda que encontrar depois do metro de Carnide volta para baixo na mesma Avenida (portanto agora em direcção a Benfica) e entra à direita na primeira rua logo depois de deixar também à sua direita, a velha estrada da Correia, indo dar a uma praceta. Depois de uns 100 metros, sempre a direito, dará com a Sabores Calientes aninhada na Rua José Farinha, por baixo de umas arcadas de um prédio do condomínio ali existente.

Quem vem do eixo Norte-Sul deve tomar a saída de Telheiras, virar á esquerda e enfiar pela Av. Cidade de Praga e Av. Marechal Teixeira Rebelo até chegar à Estrada da Correia e depois tudo igual.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Para Descansar a Vista


E mais uma Sexta feira no horizonte (cinzento) desta Lisboa de Dezembro... Para todos os Leitores uma poesia de Anna de Nouailles, Condessa de Nouailles, Romena de nascimento mas francesa de adopção, amiga de Proust, Jean Cocteau, Maurice Barrés, Collete... Uma das mais ilustres animadoras de saraus poéticos do seu tempo. Foi retratada por grandes pintores da época e - talvez ainda mais significativo - o seu busto foi esculpido por Auguste Rodin e encontra-se hoje no Metropolitan Museum de Nova Iorque.

A sua poesia celebra o amor e a vida, mas nos anos finais reveste-se de tons muito mais sombrios...Morre em 1933 depois de doença prolongada e está enterrada no mítico Pére Lachaise, também em Paris. Foi a primeira mulher a ser nomeada Comandante da legião de Honra, e recebeu o Grande Prémio da Académie Française, em 1921.

Le Voyage

Un train siffle et s'en va, bousculant l'air, les routes,
L'espace, la nuit bleue et l'odeur des chemins ;
Alors, ivre, hagard, il tombera demain
Au cœur d'un beau pays en sifflant sous les voûtes.

Ah ! la claire arrivée au lever du matin !
Les gares, leur odeur de soleil et d'orange,
Tout ce qui, sur les quais, s'emmêle et se dérange,
Ce merveilleux effort d'instable et de lointain !

- Voir le bel univers, goûter l'Espagne ocreuse,
Son tintement, sa rage et sa dévotion ;
Voir, riche de lumière et d'adoration,
Byzance consolée, inerte et bienheureuse.

Voir la Grèce debout au bleu de l'air salin,
Le Japon en vernis et la Perse en faïence,
L'Égypte au front bandé d'orgueil et de science,
Tunis, ronde, et flambant d'un blanc de kaolin.

Voir la Chine buvant aux belles porcelaines.
L'Inde jaune, accroupie et fumant ses poisons,
La Suède d'argent avec ses deux saisons,
Le Maroc, en arceaux, sa mosquée et ses laines…

Anna de NOAILLES

quinta-feira, dezembro 03, 2009

E a Bairrada ali tão perto...


Mais uma ida à Figueira da Foz , que meteu fim de semana, e aí esteve outra oportunidade para nos lambermos com o leitão bairradino...

Já sabem que - contra a grande maioria dos especialistas que juram e trejuram pela Casa Vidal - aqui o vosso Blogger não larga a Meta dos Leitões... e nem tanto por causa da qualidade intrínseca do bicho imolado nos fornos, mas sobretudo pela variedade e qualidade dos vinhos Casa de Sarmento, do proprietário, e que apenas se encontram nestas suas casas: Na Meta, na Metinha, e por alguns centros Comerciais (Amoreiras e Vasco da Gama).

Desde já vos esconjuro se abocanharem de pronto o "sarmentinho" , vinho gasoso feito sem cuidados especiais, tão típico da zona, como todos estes espumosos sem muito carácter que se bebem um pouco por todas as adegas particulares do "terroir" bairradino...

Não senhor! Não percam a oportunidade para avançarem com galhardia sobre os excelentes espumantes da Casa de Sarmento, onde, para meu gosto pessoal, sobressai o feito de Moscatel Galega, talvez por ser tão raro em terras lusas.

Antes do inevitável leitão comam uma dose de cabidela do mesmo, feita em barro e rescendendo dos perfumes celestiais que a magia e a sabedoria do homem souberam integrar em matéria prima tão franciscana como são as vísceras do pobre porco.

Depois sim, embarquem no leitão assado, com a sua salada de temporada , a batata frita e o belo pão bairradina de "teta", a estalar do forno.

Contem pelo menos com 2 garrafitas do belo espumante para três pessoas, e se uma delas não beber assim muito...

Terminem com uma bagaceira branca Casa de Sarmento, notável , e um belo café. Não tenham pressa nenhuma de se porem ao caminho. Deixem-se lá estar a ver as vistas pelo menos mais duas horitas ( et pour cause...)

Três notáveis, num destes fins de semana, beberam desta forma e comeram idem, idem, por...69,30Euros.

Trazendo para casa mais 6 garrafinhas do especioso espumante Moscatel, tão caras como... -nem sei se diga, porque vão lá e estragam-me a festa... - mas lá vai... por menos de 7 euritos cada uma...

E ainda dizem que está o Leitão pela hora da morte.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

E então os Transportes Públicos ??!!

Um dos nossos Leitores não perdoa... E sobre os incómodos rodoviários ataca:

Desculpe a impertinência, mas, que eu saiba, a linha de comboio Cascais/Lisboa não sofreu qualquer interrupção, pois não? Então porque é que o senhor e o "Zé do Povo" não aproveitaram para se deslocar em transporte público? Sempre eram menos uns carros que entravam em Lisboa e podia ser que se habituassem. Andem a pé e de transporte público! Poupam dinheiro e o ambiente.

Comentário ao comentário: Não há impertinência nenhuma! E tem o leitor razão... Mas o que quer? Mais vale tentar fazer com que o Tejo corra para Espanha do que mudar os hábitos de um burro velho...

Não serão Visitas a Mais??!!


















Tenho estado ocupado a tratar do infeliz acontecimento que é a entrega de um carro para reparar depois de uma pequena colisão, por culpa de terceiros, e das aventuras que esta situação engloba, desde a peritagem e entrega da viatura acidentada propriamente dita, até à recolha de um carro de substituição, longe, muito longe da primeira oficina... e tudo isto num dia de chuva intensa, com Lisboa atafulhada de trânsito e, para piorar as coisas ainda mais, com vários trabalhadores das oficinas "de baixa" por causa da gripe...

Isto das baixas por causa da gripe , em Dezembro, também deve ter que se lhe diga... Mas não aprofundarei...

Agora um lamento "telegráfico" sobre o feriado e o fim de semana passado:

Ninguém me obriga a viver lá para a Linha, é bem certo... Mas um individuo sentir-se quase preso na sua casa ou no seu bairro, tendo de verificar se está disimpedida a A5 à hora em que a pretende cruzar, ou se a Marginal - a tal que ainda não se paga - está "aberta" ou não para se entrar em Cascais, não lembra a ninguém...

Culpa de quem? Bem, da Cimeira Ibero-Americana e depois, quase na mesma altura, da cerimónia referente ao Tratado de Lisboa...

Grande honra termos recebido tais personalidades, e etc... Compreendo. Mas não haveria forma de se fazer o mesmo sem "lixar" o Zé Povo, o tal que (por enquanto) ainda paga os seus impostos?

Há - tanto quanto sei - grandes e muito estrelados Hotéis em Lisboa onde tudo poderia ser feito sem tanta confusão e sem tanta limitação às manobras do automobilista cascaense...

segunda-feira, novembro 30, 2009

Comentário

"Manda-me " o Amigo Bernardo retirar imediatamente a menção "Gruyére" da Raclette!!!

Esta é feita sim, mas com o queijo do mesmo nome! Gruyére será para as fondues ( e bem).

O amigo Bernardo tem obrigação de saber desta "poda" estando mesmo lá situado nos Alpes...

Obrigado e... já retirei.

Foi-se o Azeite e veio a Manteiga (dos Alpes...)

É com mágoa que informo que distinto Restaurante de sabores transmontanos "A Companhia do Azeite" fechou finalmente as portas lá em Cascais, no Bairro da Torre... A gerência não conseguiu levar a melhor perante esta malfadada crise que afasta as pessoas da restauração... E situado num local de pouca ou nenhuma passagem obrigatória, não valeu à economia da Casa a proverbial propaganda de "boca a ouvido", mesmo que coadjuvada por excelentes críticas dos nossos "maiores" J.Quitério e David L.Ramos.

Em sua substituição apareceu uma nova proposta, exactamente naquele local meio escondido, por detrás da Agência do BES da Torre (passe a publicidade):


Sabores dos Alpes
Rua da Torre 1155
2750-768 CASCAIS
Telef - 21 0099 6296

Proposta de Chef, sempre presente na sala e na cozinha, com uma oferta de comeres tipicamente suiços, com as inevitávies Raclettes de bom queijo, a carne fria dos Grisons em prato de charcutaria e queijos bem apresentado. Mas também a verdadeira “Fondue au Vacherin Fribourgeois”, a “Charbonnade”, os “Rosti”, o creme duplo de “Gruyère” com merengue e frutos vermelhos, o café “Valdotain” ...

Lá fomos um destes dias, e comemos bem. Os vinhos são , por enquanto, muito limitados em variedade e qualidade. Salva-se um branco suiço da casta Chasselas, adequado ao nosso palato, vibrante de frescura e de bouquet muito agradável.

Nota: Le Fendant, de son nom Ampélographique "Chasselas", est le cépage le plus répandu en Valais. Il produit des vin fins, élégants, mettant en valeur la diversité des terroirs.

Em estilo meio telegráfico aqui dou notícia da refeição:

Entrada de Carnes Frias - (infelizmente a carne fumada dos Grisons estava esgotada!!) mesmo assim o Prato continha Salpicão de porco preto, Presunto da mesma proveniência, Mortadela suiça, queijo Emmental, Salami suiço.

Salada de fígados de aves - Boa no seu género, com os fígados grelhados por cima de cama "alfacinha" fresca.

Raclette de queijo com batatas novas assadas - muito bem conseguida. O Empregado ia cortando e trazia para a mesa, a pouco e pouco, o queijo derretido que depois mergulhávamos nas batatas ou no pão quente ( muito bom) disponível.

Com vinho a copo (que se mandou retirar) e a tal garrafa de Chasselas suiça, pagámos cerca de 60 euros...

Boa sorte desejo eu a esta nova aventura!
Mas permitam que também diga que tenho saudades da "Companhia do Azeite" e dos grandes vinhos e comidas "de Inverno" que lá tive ocasião de saborear, desde o Cozido de casulos até à excelente Posta, passando pelo Cabrito Assado...

Que saudades... e onde se meteu aquela sábia, alegre e prestativa família?

sexta-feira, novembro 27, 2009

Para Descansar a Vista

Sexta feira 27 de Novembro. Vamos apresentar o Livro "Palácio de Belém", de Diogo Gaspar e de Teresa Santa Clara (Director e Historiadora do Museu da Presidência da República) na Figueira da Foz, Átrio do Casino da Figueira, pelas 18,30H

Amigos filatelistas e coleccionadores da Região centro, apareçam que são bem vindos!

E, para descansar a vista , apresento-lhes um Poeta português pouco conhecido, António de Sousa:

SONATA
Ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos
tão pobres e cansados
que só os pobres pobres como eu
- até de mim o sou ... -
lhes falam n`alma.
Uns sonhos mortos-vivos
onde a lua ainda é madre de poesia
e o mar e o céu jogam ondas e estrelas,
no regaço da noite, às escondidas.

Pesado de remorsos
dumas horas bravias e carnais,
pigarreando entre esboços de rezas
aguados versos,
ando a espalhar, ao vento vário, uns sonhos.
Semeador mal-parado neste mundo,
tudo me diz que é outra a minha leiva.
Mas o caminho certo, quem o sabe,
aonde nem os santos o calcaram
livres de enganos e visões de medo?

António de Sousa
In "Linha de Terra", Lisboa, 1951

ANTÓNIO DE SOUSA (25.12.1898 - 16.04.1981)
O longo percurso de António de Sousa inicia-se, nos finais da segunda década do século XX, sob o signo do "Saudosismo", publicando, então, o poeta "Cruzeiro de Opalas", 1918 e "O Encantado", 1919 (sob o pseudónimo de António de Portucale).O seu nome figura, depois, nas revistas que preparam o aparecimento da Presença, como Bizâncio e Tríptico, tendo sido inclusive um dos reponsáveis pela publicação desta última. A Presença, lugar de convergência do que de mais vivo se passa na literatura portuguesa entre 1927 e 1940, e que incluirá em 1937 nas suas Edições o quarto título de António de Sousa. A "Ilha Deserta" vai ser determinante na aproximação do poeta ao espírito do Modernismo. Ele e Afonso Duarte, igualmente oriundo do Saudosismo, exemplificam bem o que é o poder de atracção da "folha de arte e crítica" de Coimbra junto dos que estão, então, empenhados na renovação do nosso lirismo. A que se refere David Mourão-Ferreira, e para que alguns presencistas deram um importante contributo, é um dos aspectos onde melhor se torna notada a modernidade da poesia de António de Sousa.

In Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português

Verbete do Professor Doutor Fernando J. B. Martinho

quinta-feira, novembro 26, 2009

Dar Graças a Deus: O Thanksgiving Day





















Nos USA celebra-se hoje o famoso dia de "Thanksgiving" , o dia de dar Graças a Deus pelos resultados das colheitas do ano, importante acontecimento naqueles tempos remotos de 1620 onde esta tradição terá começado lá para os lados da Nova Inglaterra e quando uma boa colheita podia fazer a diferença entre a Fome e a Abundância...

O Congresso declarou este dia Feriado Nacional e marcou-o definitivamente para a "quarta Quinta Feira de Novembro", depois de um período em que muitos dos Estados o festejavam em datas distintas.

Em Portugal não existe esta tradição, embora os nossos antepassados Celtas celebrassem as colheitas no 1 de Agosto, com a festa dedicada ao deus guerreiro Lugh: Lughnasadh ou Lammas - Festa da Colheita

Lughnasadh era tipicamente uma festa agrícola, onde se agradecia pela primeira colheita do ano. Lugh é o Deus Sol.
Na Cultura Celta, ele é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes que
exigiam sacrifícios humanos ao povo. A tradição pede que sejam feitos bonecos com espigas de milho ou ramos de trigo representando os Deuses, chamados Senhor e Senhora do Milho.
Nessa data deve-se agradecer tudo o que colhemos durante o ano, sejam coisas boas ou más, pois até mesmo os problemas são veículos para a nossa evolução.
O outro nome do Sabbat é Lammas, que significa "A Massa de Lugh". Isso se deve ao costume de se colher os primeiros grãos e fazer um pão que era dividido entre todos. .
O primeiro gole de vinho e o primeiro pedaço de pão devem ser jogados dentro do Caldeirão, para serem queimados juntamente com papéis, onde serão escritos os agradecimentos, e grãos de cereais. O boneco representando o Deus do milho também é queimado, para nos lembrar de que devemos nos livrar de tudo o que é antigo e desgastado para que possamos colher uma nova vida.
De: A Roda do Ano Celta

Segundo parece essas fogueiras onde se queimavam as efígies do Deus do Milho teriam sido ateadas em tempos primordiais para executar sacrifícios humanos, onde um Homem tomaria o lugar da divindade sacrificada.... nada que os ibéricos não repetissem mais tarde, noutro enquadramento, quando inventaram a "Santa Inquisição" ...

Mas voltando ao perú, isto é, ao Thanksgiving day, devo dizer que passei um destes dias Feriados nos USA quando estava em Washington para uma Exposição Mundial de Filatelia, seguramente há mais de 15 anos.
As lembranças que tenho do acontecimento são muito semelhantes ao espírito de Natal aqui na Europa, com as famílias a reunirem-se à volta da mesa para uma refeição comunitária meio gargantuesca, onde o Perú pode ser rei, mas onde existem muito mais pratos e abundam os condimentos, como as batatas assadas em folha de alumínio, os inhames, o puré de batata, a batata doce, as tartes de abóbora, etc, etc...

O Perú tal como o comi nesse dia no Hotel onde estava, é recheado com castanhas ou avelâs.
As doses são gigantescas (ou foram nesse dia especial) e mesmo um mandibulador nato como eu não conseguiu passar de menos de metade do conteúdo das travessas do extraordinariamente bem fornecido Buffet de Thanksgiving day.

O que se bebe? Embora possam não me acreditar direi que bebi...Beaujolais Nouveau... E Cidra de Maçã, está claro!

Bom Feriado aos amigos Americanos!

Independência dos Poderes

Um Leitor comenta a sujeição (ou não) da Política à Justiça:

Não deveriam ser ambos independentes?

Claro que acho que deviam ser ambos independentes e isso mesmo está garantido pela nossa Lei fundamental, O que quis dizer com "sujeição" é que nenhum Político, apenas por o ser, deve estar imune aos trâmites da Justiça, a não ser obviamente nos casos em que é a própria Lei que o prevê...

quarta-feira, novembro 25, 2009

Justiça versus Política.. Um Comentário

O Amigo Paulo Mendonça questiona o Post sobre a "face Oculta":

Caro amigo Raúl

Em relação a este post só um pequeno comentário, ou melhor uma pequena questão:Num "Estado de Direito" deve a justiça estar subordinada à política, ou a política subordinada à justiça?

Um abraço

Comentário ao Comentário: Pergunta de grande profundidade...

A resposta que todos gostaríamos de dar é que deve a Política OBVIAMENTE estar sujeita à Justiça. Mas qual Justiça? Se os factores de Justiça - Magistrados e Juízes - estão, também eles, enredados nas malhas da "política à portuguesa"?

Arroz de Crise






















Aqui fica uma receitinha baratinha para dar conforto à Família e amigos nestes tempos de crise generalizada...

Comprem-se - para 6 pessoas - 6 coxas de frango do campo, uma embalagem de miúdos de frango, uma embalagem pequena de Pleurotos, um frasco de salsichas alemãs fumadas, duas farinheiras bem rijas, tomate maduro, arroz estufado.

Cozam o frango em água e uma mão de sal grosso, e aproveitem o caldo, juntando-lhe um fiozinho de azeite antes de ferver. Não deixem as coxas desfazerem-se na água...

Retirem as coxas e coloquem-nas num prato de ir ao forno para "torrarem" dos dois lados.

Ao lado cozam as farinheiras em água, e cortem-nas aos troços com uma faca afiada e de bico, para não se desfazerem.

Passem os miúdos, os pleurotos lavados e cortados e as salsichas por uma puxadinha feita com sal, bom azeite, louro, alho, tomate e cebola picados fininhos e com um golpe de vinho branco a terminar.

Tenham o cuidado de utilizar um Tacho grande.

Nesse refogado deitem o arroz (um Kg e meio chega para 6 pessoas) fritem-no por um minuto. Deitem depois o caldo do frango na proporção de 2 chávenas e meia para uma de arroz. A meio da cozedura introduzam os troços das farinheiras no arroz. Provem e Rectifiquem de sal, pois pode ser que o do refogado seja pouco. Deixem cozer bem o arroz, retirem do lume e levem 15 minutos ao forno com rodelas de paio por cima.

Apresentem na mesa o tacho do arroz com as coxas tostadas do Frango ao lado ou, se couberem, mesmo por cima do arroz..

Bom Apetite! E a preços cordatos..