terça-feira, dezembro 21, 2010

A caminho de uma nova vida, pior do que a temos todos...

Aproxima-se em passos desmesurados o fim deste ano de má memória...Penso, mesmo assim, que o que chega será ainda pior no que toca ao nosso bem estar material e, por acrescento, mental.

Em Janeiro os funcionários e trabalhadores do Sector Empresarial do Estado começam a subida ao seu calvário.  Esse seu calvário, ou muito me engano ou será o calvário de muito mais gente, daqueles portugueses que necessitarem de um serviço público e começarem a notar a má vontade, a falta de comprometimento, a desmotivação dos que para lá estão dentro dos balcões , fazendo o mesmo trabalho de sempre ou ainda mais e ganhando menos...

As baixas por motivos de saúde vão ser cada vez mais frequentes. O "stress" da profissão vai desculpar muita coisa... Os que sempre foram maus trabalhadores têm agora mais uma razão para piorar. Os que sempre foram bons e que se defrontam com a baixa real do salário e com a inexistência de qualquer incentivo à performance de excelência, vão passar a olhar para o lado e a dizer para com os seus botões:

-"Venha para cá trabalhar quem causou esta trampa! Se o colega do lado nunca fez nada e agora está exactamente na mesma situação do que eu, porque raio é que me devo esforçar?"

E têm razão... Por muito que nos custe, têm razão...






















Nos CTT não será diferente. Com a abertura total ao exercício da actividade postal já em vigor a partir de 1 de Janeiro, esta seria talvez a pior das piores alturas para implementar medidas estranguladoras do incentivo ao bom trabalho e à produtividade. Não me desculpo da respectiva inevitabilidade,  apenas constato um facto: na altura em que vão aparecer os concorrentes,  os Trabalhadores desta casa ( e das outras) deveriam estar completamente focados no bom serviço, na fidelização dos Clientes, no fazer bem à primeira vez... E não me parece que estejam.

As pessoas dedicadas que têm condições para se reformar não vão deixar escapar esta oportunidade, mesmo que perdendo dinheiro.

E como será possível motivar sem esperança para dar às gentes e sem algo mais do que o "papão" do Desemprego para agitar à frente dos narizes? Trabalha ou não comes? Trabalha mais ou perdes a casa? Trabalha ou vais ver os teus filhos a carregarem baldes de cimento por não teres podido pagar a escola?

Esta motivação pela negativa para além de relativamente ineficaz em termos de produtividade real,  é muito perigosa. Foi ela que esteve na base da construção das sociedades industriais primitivas, ditas "do capitalismo selvagem". Teve por consequências a revolta social e , pelo menos, uma Guerra Mundial.

Se não existrirem alternativas positivas para motivar as "hostes" receio que o caminho a percorrer se torne impossível. De facto existem limites para aquilo que se pode obrigar qualquer pessoa a fazer. Sobretudo se o que se lhes mostra à frente são mais sacrifícios e penas acrescidas.

Imaginem que se mostra às pessoas uma Fossa como a da imagem. Essa fossa foi cavada por Senhores Doutores que,,ou estão ausentes nas Caraíbas, ou continuam sentados às mesas do Gambrinus no intervalo das decisões "momentosas" que tomam nos seus bancos...  E então diz-se às pessoas normais:

-" Vá, salta lá para dentro dessa fossa! Ainda não sabemos bem quando e como te vamos tirar daí, mas para já é preciso que saltes lá para dentro!"

Vocês saltavam? Ou mandavam quem os manda ir à frente para ver como era, e depois cá vir contar?

Ou os "Dirigentes" desta Europa amaldiçoada encontram uma "frente comum" de entendimento que permita dar esperança aos tristes, ou então preparemo-nos para dias de luto.

O Japão e a Alemanha dos anos imediatamente a seguir à II Grande Guerra terão vivido situações deste tipo.  Mas os sacrifícios eram para todos, não para uma classe social seleccionada para bode expiatório da nação! E as pessoas tinham uma grande vantagem em relação a nós: acreditavam nos seus dirigentes de então. Para já não falar da ajudinha do General Marshall...

Tempos difíceis...

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